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quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Cidade medieval

Praia de Rodes

Rodes – Rhodes

A Ilha de Rodes era um importante centro econômico da Grécia antiga. Historicamente é mais famosa por ter abrigado uma das Sete Maravilhas do mundo antigo: o Colosso de Rodes. Era uma estátua colossal do deus do sol Hélio (Mercúrio dos romanos) feita de ferro e bronze pelo escultor Chares de Lindus e instalada na entrada do porto de Mandráki, em Rodes. Diz-se que a estátua tinha cerca de 32 m de altura. Levou 12 anos para ser construída (cerca de 294 a 282 a.C.). Um terremoto ocorrido entre 225 e 226 a.C. derrubou a estátua que permaneceu no local até 654, quando os árabes a quebraram em pedaços para vender o metal.

A chegada na ilha foi as 8 da manhã, com um lindo nascer do sol que vinha de trás das montanhas.
O Barco estava coberto com o orvalho do mar grego. Muitos, ainda sonolentos, saíram de suas cabines e assentos para brindar o novo dia.

Assim fui eu, aquele sol que nascia com seu brilho ofuscante com poucas nuvens o escondendo também ofuscava meus olhos.

Desci no porto de Rodes e segui o fluxo. Pegamos um ônibus do porto (free) que leva até os pontos de ônibus, que levam todos para o centro da cidade; esse custa 1,00 euro.
Mas o percurso é muito curto, cerca de 5 a 10 minutos, não me recordo mais.

A entrada da cidade já muito me agradou, está rodeada por muros da cidade velha e um castelo ao centro.
A primeira coisa a fazer era achar o Hotel e me livrar das malas, então lá fui eu.

Perguntava para todos no caminho como chegar ao hotel, só possuía o nome da rua e nenhuma idéia de como chegar nesta. Minha sorte foi o inglês, pois na Grécia encontra-se muitas pessoas que conhece o mínimo de inglês para comunicação com turistas. E Enfim consegui chegar ao Hotel, ainda tomar café da manhã, por sinal maravilhoso.

O Hotel que fiquei foi o Amaryllis, a 5 minutos andando da praia. Recomendo a todos que desejarem ficar na cidade, pois é confortável, limpo, possui funcionários muito simpáticos, um café da manhã maravilhoso, está situado numa rua movimentada com muitos bares e lojinhas e é próximo da praia.

Depois de tomar um maravilhoso banho relaxante estava pronta para curtir as famosas praias gregas com seu mar azul turquesa e seu sol escaldante.
E lá vamos nós.

Adorei a primeira vista do mar, realmente é o que falam sobre a cor azul. Já curtiam aquele sol algumas dezenas de pessoas, mas não estava tão cheia essa parte da praia. E a maioria das mulheres faziam topless, primeira vez que via isso, mas era uma coisa tão natural que quase fiz também, só precisava de mais uns dias para me acostumar com a idéia..rs.

Uma coisa que incomodou um pouco nesta praia foram as pedras, a areia vem recheada delas e portanto precisa-se de uma esteira para ficar confortável sob o sol por um longo dia.

Mas enfim, passei uma tarde longa lá, admirando o som do mar, as cores maravilhosas o silêncio daquela praia, não havia crianças, portanto os jovens e os mais velhos que lá estavam, dormiam ou apenas se bronzeavam.

Depois de um tempo curtindo o sol decidi curtir a água também. A entrada nunca é fácil para mim, sempre gelada, preciso de um tempo para me acostumar, mas certa vez li num livro, “Brida, de Paulo Coelho”, que nunca podemos dar uma opinião completa sobre algo da qual não mergulhamos de cabeça para descobrir, e sobre a água do mar sempre penso assim. Quando coloco meus pés e digo para mim mesma que está muito fria e quero voltar para a areia, rebato para meus pensamentos: - Você ainda não mergulhou de cabeça, como pode saber se água realmente não está boa.
Então ganhei coragem e mergulhei de corpo inteiro.
E a água estava maravilhosa, e de lá não mais queria sair.
Infelizmente ainda não aprendi a nadar, então ficava pulando as ondas, que forte viam me derrubar a todo o momento.

Curioso sempre vai longe, e eu também fui. Senti um buraco no fundo da água e a curiosidade para descobrir o que tinha dentro me fez, estupidademente, enfiar o pé para descobrir o que tinha dentro, mesmo sem poder enxergar nada lá embaixo. Resultado, uma picada, aparentemente de um caranguejo, que fez até meu pé sangrar e acabar com a graça da água.
Sair da água agora mancando não foi tão simples, as ondas me derrubavam a todo o momento e não tive outra maneira se não de rir de mim mesma, e depois que consegui chegar na minha toalha admirar o mar e pensar no porque da idéia enfiar o pé em buraco dentro da água, onde não tinha idéia do que poderia encontrar.
Depois de ganhar aquele bronze (por falta de protetor solar é claro), fui conhecer a cidade.

Fiz a caminhada pela orla das praias que seguiam depois da que eu estava. Uma mais linda que a outra, com guarda-sóis azuis e brancos.

O Centro da cidade era realmente histórico, o clima era agradável. Eu realmente acredito que o sol torna as pessoas mais felizes, pois como era diferente da Irlanda no Inverno. Comprei minhas lembrancinhas e visitei alguns pontos turísticos como o porto de Mandraki e igrejas.

A noite fui jantar num restaurante grego, e pedi o famoso Gyros no prato. É o Churrasco grego no prato acompanhado de salada, fritas, um molho especial com ervas e pão sírio. Depois uvas, muitas uvas por cortesia do Chef. Voltei para o Hotel, pois no dia seguinte iria conhecer a cidade de Lindos.

Lindos é uma cidade praiana de Rodes a 1 hora do centro, o nome já diz tudo, é pequena, mas linda.
Me acomodei em uma das camas de praia, e lá fiquei por horas. Não é de graça, mas pela minha simpatia custou apenas 3 Euros. Envolta de mim, a maioria das pessoas eram Italianas. Cruzei com duas brasileiras que faziam um cruzeiro, mas nem puderam ficar muito porque o navio partiria em pouco tempo.
Relaxei e permaneci o dia todo na linda praia. A noite voltei para o Hotel e fui jantar.

Depois do jantar fui até um Bar/Restaurante chamado Therme, um lugar lindo, com várias fontes iluminadas, telões com vídeos e shows de luzes, e uma dupla Tocando e cantando. O Estilo parecia Folk, acho que cantavam também em grego, que lembra o sotaque italiano. Entretanto era um som agradabilíssimo, e de lá não mais queria sair. Curti até eles terminarem e agradecerem a presença.

Lá fui eu novamente sozinha com meus pensamentos voltar para o Hotel. Já próximo cruzei com um cartaz com uma lista de coquetéis e fotos dos mesmos. Fiquei fascinada com o charme deles e parei para ler os ingredientes de cada um, então fui abordada pelo garçom, tipicamente grego, convidando para entrar e experimentar um dos drinks. Eu decididamente não queria beber nada aquela noite, e foi o que falei a ele, talvez amanhã eu pudesse voltar. Mas então venho a proposta irresistível: - Então faremos assim, vc entra hoje experimenta um drink por conta do bar e se gostar amanhã volta e paga o seu.
De graça, lá fomos nós. Ele me deu o cardápio para escolher, e não sabia o que era melhor. Nomes exóticos e fotos lindas. Definitivamente, eu nunca bebi um coquetel, portanto não sei o que escolher. O gentil Garçom, então, escolheu um e trouxe.
Velas faiscante, frutas e cores quentes. Era linda, e o nome exótico quanto, Sex on the Beach. O teor de vodca era alto, então meu sorriso não quis mais sair dos lábios.
Na mesa ao lado uma austríaca com dois senhores gregos, que depois de alguns minutos puxou papo comigo e então começamos a nossa amizade. Melanie, era o nome dela, uma simpatia de pessoa, e depois ela já insistiu para pagar o Segundo coquetel, e depois o amigo grego já queria o terceiro. Definitivamente, era impossível três coquetéis, eu não conseguiria chegar ao meu hotel com minhas próprias pernas, e então desperdicei aquela belezura de Cosmopolita. E marcamos de nos encontrar no dia seguinte para conhecer o centro histórico. Dormi como um anjo após 2 coquetéis.

Castelo de Rodes, a cidade medieval é rodeada por muros e dentro uma nova vila recheada de restaurantes típicos e lojas de tudo o que vc puder imaginar.
Na praia ficam centenas de barcos-loja, que vendem conchas e coisas do mar, belezas sem tamanho.

Fomos para a praia novamente e depois de curtir mais um lindo dia de sol, marcamos de nos encontrar para jantar no Nikos Sea Food, recomendado pelo garçom. Melanie, Verena e eu. Elas eram muito engraçadas, como ri com elas. Depois de horas esperando nosso jantar, a minha horrível salada grega não me satisfez, pois possuía muito de uma folha amarga que nada me agradou. A noite conhecer uma outra rua recheada de bares típicos da Grécia. Então descobri, todos os garçons estão recomendados a convidar os clientes e oferecer o primeiro drinque gratuito, em alguns o segundo é que o Free. Mas enfim, um lugar muito agradável e alegre também, tudo ao estilo mais informal possível. Depois voltamos para o bar dos amigos gregos, tomamos o último drink e elas me acompanharam ata próximo do porto, quase 40 minutos de caminhada desde o Hotel. O meu Ferry deixaria o porto 24 horas, e eu passaria a noite dentro dele.
Assim acabou minha estádia em Rodes, a cidade medieval.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Viagem no návio

Quase perco o Navio.

Então descobri que lá, possuía uma cabine com ar condicionado para abrigar os passageiros que aguardavam a partida do navio.
Esperei cerca de meia hora e não vi nenhum navio chegar, o meu sairia em 30 minutos, já devia estar ali para que todos os carros, caminhões e as centenas de pessoas subissem. Fui perguntar a alguém onde estava o navio, e ao mostrar meu ticket, descobri que estava no portão errado, e que tinha que pegar um ônibus até meu portão, pois não era tão perto.
Quase morro do coração, era só o que faltava depois de tudo isso, de tanta espera ainda perder o bendito navio.
Corri, e vi uma turma gigante parada, perguntei, mas todos estavam meio perdido também. Paguei para ver e entrei no Ônibus.
Me senti na marginal pinheiros em horário de pico tentando entrar no ônibus sentido terminal Bandeira, disputando uma vaga com outras centenas de pessoas. Era a mesma cena, todos atrasados e desesperados.

Eu consegui a minha vaga, (o que não são alguns anos de experiência em São Paulo com seu trânsito caótico e seu transporte público precário) e não tirei os olhos do relógio.

Cheguei faltando 10 minutos para a partida do Navio. Fui praticamente a última pessoa a entrar, pois a multidão do bus era para outro navio, acho que eu era realmente a mais atrasada.

Vagas, nenhuma, acho até que comprei um ticket sem assento!

Depois de rodar a procura de um lugar para sossegar o espírito, achei uma vaga no Deck.

Comecei admirando o mar, o desenho que o navio fazia na água, o céu azulado, as pessoas animadas e felizes, e adormeci na mesa.

Eu realmente precisava daquele cochilo.

Depois de cerca de uma hora, cansei do calor abafado do deck e fui procurar um lugar dentro do navio.
Lugar luxuoso, com cinema, restaurantes, cafés, e tudo o que podia imaginar. A ultima parada seria Rodos, a minha ilha. OU seja longa viagem.
Todos os lugares decentes ocupados.
Que lástima.

Então avistei um mini cinema para crianças, na verdade uma sala de Tv sem cadeiras.
Lá estava um rapaz sentado entre 3 crianças, assistindo Happy Feet. Foi o único lugar menos disputado e mais disponível dentro do navio.
Entrei e sentei. Ainda bem que gosto de desenhos também.

Tudo vale a pena, se a alma não é pequena.

Mais tarde o Grego, descobri que ele era grego, começou um bate papo comigo, em inglês é claro. Kostas, esse era o nome no rapaz de 22 anos.

Foi uma sorte conhecê-lo, a viagem passou até mais depressa. Conversamos sobre uma porção de coisas trocamos algumas experiências de viagens e de vida.Lá pelas uma da manhã eu resolvi dar boa noite e me ajeitar no canto da parede.
Vida de pobre não tem jeito, pagando mais barato não pode nem escolher mesmo. O chão era mais confortável que aquela cadeira, e foi por isso que depois de uma hora e optei por me aconchegar naquele pequeno quadrado do cinema, com três lances, como escada, fiquei em um, o grego em outra e uma moça na outra.

Aquele era um bom lugar, por que vi outros tantos mochileiros passando por ali, possivelmente a procura de um lugar para dormir também, e com os olhos até brilhando por já estar ocupado.
Só nos faltou um colchonete mesmo, um bom mochileiro sempre carrega o seu.

Mas como nem tudo é perfeito. Lá pelas 3 da madruga, o frio fui aumentado, e acordei com dor nas costas e o corpo arrepiado. Fui em busca de um novo lugar, e achei alguns bancos vazios, estes como os de ônibus de rodoviária. Como o Navio passa por várias ilhas, vai ficando vazio alguns assentos. Em solidariedade convidei o Grego para sair do chão também, mas depois me arrependi.

O lugar era bom, tinha até tevê. Mas o Grego dormiu rápido novamente, e agora de mal jeito. O menino roncava tanto, mas tanto, que até os outros passageiros que sentavam em volta trocaram de lugar. E eu, não dormi mais.
Ele desceu uma ilha antes de mim, isso quase duas horas antes também. Descansei um pouco..rs.
Mas o que valeu foi a conversa e um pouco da cultura grega que adquiri.
Kalimera – Bom dia em grego!

Athenas, primeira parada.

A vista da Grécia do ar me espantou logo de inicio, depois do maravilhoso mar azul turquesa, Athenas foi surgindo numa paisagem seca, acinzentada e vazia. Nossa, mas seria isto a maravilhosa Grécia que todos falam???

Cheguei no aeroporto e fui procurar o centro de informações, primeira parada de qualquer turista perdido.
Lá estava um grupo de brasileiros que moravam em Londres, participei das explicações da Senhorita do balcão, e logo me apresentei como brasileira tbem, uma tentativa de fazer amizades, mas acho que o grupo já era grande suficiente, nem me deram muita bola, mulheres...sempre se acham a ultima coca cola do deserto, acho que não queriam competição no grupo, afinal eram 5 mulheres e um rapaz..rsrs. Receberam a informação e foram embora, sem se quer desejar boa viagem, mesmo me vendo sozinha.
Pois após pegar a informação cheguei primeiro no local de compra de ticket para o bus e as encontrei novamente, e dessa vez vieram pedir informação sobre qual Bus pegar. Eu dei a informação e achei que desta vez iam ser mais educadas. Entrei no bus e fomos juntos até Athenas. Sem manifestações novamente.

No Bus.
Eu confundi o sotaque grego com o italiano, pois estes possuem os mesmo trejeitos e jeito italiano de conversar. Lá também encontrei três alemães.

Chegando no porto de Athenas tentei me enturmar novamente, mas não tive nenhuma reciprocidade, desisti. Tentei falar com os alemães, mas estes queriam saber é de uma Beer – A famosa Breja, ou cerveja gelada.

Porto de Athenas – Piraeus

No porto decidi fazer minha caminhada sozinha. Em busca agora do meus tickets para os ferrys que me levariam para todas as ilhas gregas que eu desejava conhecer.
Dura tarefa, pois naquele dia não havia mais nenhuma vaga dentro do Gigante ferry que levaria para as ilhas, super lotação.
Todos os lugares diziam a mesma coisa. Fechado, sem vagas, espere amanhã.

Fiquei triste! Agora lascou-se! Eu não tenho hotel reservado para ficar aqui, e a primeira ilha que desejo ir fica a 14 horas de ferry de distância, portanto o melhor Ferry seria o que saia as 19 horas e chega amanhã as 8 em Rodhes.
Um velho, ao estilo velho do mar do filmes, me perguntou se eu estava sem tickets porque alguém podia me ajudar, só pediu para segui-lo com o pouco inglês que tinha, fui meio desconfiada, mas com um passo largo de distância, caso necessário dava para correr..rsrs
Chegamos a uma agência de viagens, como as centenas que havia ali. O Velho do mar me apresentou para o dono da agência e voltou para a porta, para continuar como o promoter dos tickets de Ferry, da porta ele parava todos com cara de perdido e perguntava sem já tinham tickets.
O Grego da agência, continuo fumar seu grande cigarro fedido e com total falta de atenção me perguntou quais as datas que desejava, e repetiu o quê todos já tinham dito.
Lotado. Não temos vaga.
Tentou me vender uma passagem de 95 euros (a outra custava 53 euros).

A dica é: Mesmo que todos digam não temos mais vaga, diga a eles: - Tudo bem eu vou esperar aqui alguém cancelar, afinal são milhares de assentos reservados on line, e nem todos realmente comparecem, portanto a probabilidade de alguém desistir é muito grande.

Pois foi o que fiz: Eram 2 da tarde. Depois de ouvir o Grego mal educado, sem nenhuma noção de atendimento ao consumidor, como no Brasil, pensei em ir para outra agência, mas antes descansar um pouco e comer meu lanche, que já havia dormido uma noite na bolsa.
Eu disse: - Vc acha que alguém pode desistir até as 7 da noite (Horário da próxima partida).
O Grego disse: - Não sei. Se quiser esperar, sente-se e aguarde.

O Calor de Athenas era o maior que havia sentido nos últimos 2 anos, e do lado de fora estava quase insuportável, com ajuda do cansaço tirei o All star e fui comer meu lanche sentado na cadeira no fundo da agência.

Depois de 10 minutos o grego me chama e diz:
- Achei uma passagem, vc quer?
A felicidade pulou do meus olhos, e ainda de boca cheia tentei falar com ele para agradecer.
Ele disse: - Vc está feliz agora não é?
- Mas é claro! Contei a história toda para ele, das minha programações e que não desistiria.
O Grego deve ter fumado um maço de cigarros naqueles últimos 40 minutos.
Então eu disse: - Agora Vc pode comprar os outros tickets até o fim da viagem.
Terminei meu lanche e ainda enchi minha garrafa de água com água do filtro dele, rs (economia nos mínimos detalhes..rs).

O Porto de Athenas até parece a região do largo Treze de Maio em São Paulo. Muitos carros, poluição no ar, ambulantes pelas ruas com milhares de coisas para vender, centenas de camelôs com cópias de griffes famosas, crianças pedindo esmolas, outras vendendo bala, outras limpando vidro de carros, muita sujeira espalhada pelas ruas e tudo isso sob um calor de cerca de 30 graus.
O lugar mais fresco e gratuito que encontrei foi a estação de trem, que ficava em frente ao porto. Depois de uma volta e um Sorvete de creme decidi estacionar meu corpo lá.
Afinal seriam quase 4 horas de espera, e segundo o dono da agência não daria tempo de ir até o centro e conhecer algum lugar interessante de Athenas.
Nessa altura do campeonato já tinha guardado tênis na bolsa, colocado um chinelo e transformado a calça uma corsário.

Meu livro de viagem foi o “ Pode crer”, de um autor brasileiro que aborda os anos 80 numa história que virou filme no último ano.
E lá se foram muitas horas.
Muitos trens chegaram e saíram, até que passei a ser uma figura suspeita na estação e uma das guardas veio me interrogar. Explicada a situação, continuei no mesmo lugar até decidir ir para o porto.

Noite no aeroporto

A noite não foi bem dormida, para variar. Entre algumas cadeiras de ferro me aconcheguei próximo do local onde faria o próximo checkin para Athenas. Ali próximo já faziam a meia noite outros jovens mochileiros e um senhor que teimava em dormir atirado nas cadeiras ou no chão como alguns, mas pescava dezenas de peixes sentado, com as mãos presas as malas.
Não pensei duas vezes, fiz minha bolsa de mão de travesseiro, tirei o velho all star para relaxar o poderoso pé, joguei o cachecol preto sobre os olhos para disfarçar a claridade do local, e também eu fui para o segundo sono.
Entre muitas viradas de desconforto despertou meu celular para seguir o caminho.
Kit higiene usado, parti para o checkin.
Coisa rápida, nada melhor que fazer o checkin on line. Fui para meu portão esperar meu avião.

Eu já estava exausta, depois de entrar no avião só queria descansar, e todo o povo que ali embarcava também já em clima de férias na praia.

Um sorriso sincero pode salvar uma pessoa.

Essas foram palavras da Natacha, a garota novayorquina. Então ela me perguntou também se havia algo errado com ela, porque todos a olhavam estranho, não chegavam perto, fechavam a cara quando ela olha, e se mostravam muito sérios. Que toda a aquela situação estava a deixando mal, deprimida. As pessoas a estavam desprezando sem se quer a conhecer. Tentei explicar que os europeus são de fatos mais frios que o povo do resto do mundo, e nisso descobri que ela vinha do Brasil, depois de alguns dias no Rio de Janeiro curtindo muita praia. Ela tinha muitos elogios a o nosso país, pelo povo, comida e alegria que a recebeu, tinha até um par de havaianas na bolsa para dar de presente. O Nigeriano sentou-se ao lado dela no avião, daí nasceu a conversa deles.
Ela me convidou para encontrar um amigo Londrino que a esperava na estação, e depois voltar, pois também iria pegar outro vôo para a Turquia, ela estava realizando o sonho de viajar pelo mundo, havia conhecido alguns paises da América do sul e agora europa.
Eu expliquei que as vezes o estilo mochileiro afasta algumas pessoas mais preconceituosas, porque somos visto como loucos viajantes que não se preocupam com nada. Mais um milhão de vezes ela me agradeceu por ter dado atenção pelo meu sorriso. Salvei a noite dela. Nessa conversa ficamos até depois ir comprar uma batatas inglesas, ela trocar alguns pounds, e o Nigeriano me convidar para conhecer a noite em Londres, sei... ele queria mesmo ser meu guia e me levar para sabe-se lá onde. Ela também agradeceu a companhia dele, o Josué, um psiquiatra que trabalha e vive em londres há muitos anos, simpatias a parte, cada um foi para seu canto e assim acabou o encontro com os distintos cidadãos do mundo. Obs. O Josué ganhou a havaina brasileira da Natacha porque ela comprou um numero maior que o próprio pé.

Grécia uma fantástica viagem

No avião

Ainda no aeroporto de Dublin esperei um bom tempo, pois desta vez cheguei cedo e o checkin atrasou o início do embarque. Na grande espera algumas pessoas que ali também esperavam a sua vez de embarque me chamaram a atenção, mal sabia eu que mais tarde meu caminho se cruzaria com o deles.
O primeiro foi um africano da Nigéria que sentou-se ao lado da esteira rolante, quase no chão, mesmo com tantas cadeiras sobrando em volta. Era uma figura destoante porque praticamente todos a nossa volta eram loiros de olhos claros. Ele conversava com seus pensamentos. A Segunda foi uma Americana de Nova York, com um estilo totalmente mochileira alternativa recém chegada de algum país subdesenvolvido. Possuía os cabelos presos no alto da cabeça com uma grande faixa de pano ao estilo africano e roupas no melhor estilo Hippy, e foi exatamente isso que mais chamou a minha atenção. Também está escolheu o chão, longe de todos para esperar sua vez.
Depois, foram os três italianos que entraram na fila na minha frente. O que me chamou atenção foi somente o sotaque maravilhoso que até parece música para meus ouvidos, e por entender alguma coisa se fez a minha graça. Os três comentando das grossas pernas da Irlandesa (esta totalmente bronzeada artificialmente com maquiagens de Dublin...já desbotadas..rsrs por lavagens) que usava um micro short que casavam um maravilhoso estilo de Dama da noite no Brasil com os saltos altos e uma mini blusa. O quintento ficou completo quando a amiga da irlandesa, totalmente discreta com suas roupas negras ao estilo Gótica e sem nem atrativo físico, chegou e apontou os garotos que olhavam de rabo de olho para elas, isso num rápido momento que os garotos se viraram para fazer alguma coisa. O máximo de tudo isso era ser a platéia, e, portanto estar fora do pequeno teatro e poder ver tudo sem ser notada. Depois eles trocaram alguns sorrisos e uma pequena azaração, mas não saiu disso.

Depois que entrei no avião, admirei a maravilhosa vista do alto, e o por do sol visto do avião decidi escrever sobre a Irlanda e o que gosto aqui. Saiu uma poesia, mas depois eu reescrevo para lhes apresenta-la.

Mas o encontro se fez quando cheguei no aeroporto de Londres, o Gatwick, e a Moça de nova york estava na minha frente no caminho para pegar as malas após a chegada.
Lá ia eu com meus pensamentos nas nuvens, sozinha, pensando sobre mil e uma coisas e agradecendo a Deus mais uma vez pelo tranqüilo pouso, ata a moça pedir desculpas por estar devagar e abrir passagem para que eu ultrapassasse-a. Eu disse que estava tudo bem, sorri e continuei o caminho, mas eu nem queria ultrapassar, só estava num passo mais rápido provavelmente.
Mais a frente, ela se aproximou novamente, ao lado daquele Nigeriano e mais uma vez pediu desculpas, e perguntou-me se eu realmente não me importava por ela estar indo devagar na minha frente.
E foi assim que começou nossa conversa, eu sorridente dizendo que estava tudo bem e explicando que não estava com pressa nenhuma, pois meu próximo vôo seria somente as 6 da manhã, 7 horas depois, e com isso ela começou a me agradecer pela simpatia, por ter falado com ela, ter dado atenção, por ter lhe dado um sorriso.