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domingo, 14 de setembro de 2008

Reflexões

Babyssiter - Uma diversão


Depois, ao confirmar com o Rapaz para quem eu faria o babysitter o endereço, descobri que estava incorreta a região, pois o endereço dele não estava no mapa, mas era igual à rua de outra região, mas ele esqueceu de avisar. Ele tentou me dar outras coordenadas. Então as horas começaram a passar voando, e eu procurando os pontos onde passavam os outros ônibus, andando rápido pelo centro de Dublin, sem encontrar as ruas do mapa e sem conseguir pedir informação para as pessoas, comecei a ficar nervosa...

Quando enfim cheguei a um dos locais para pegar o possível Bus, ao tentar confirmar com o motorista se realmente passaria onde eu desejava, descobri que estava no ônibus errado, pois ele não passaria perto. A chuva começou, e depois de tanta espera do Bus, ainda tive que ir para outra fila.

Eu não conseguia falar com o Michael, o pai das crianças que eu cuidaria, então liguei apreensiva para o Helder, meu novo grande amigo e anjo da guarda. Dei o número de telefone do Michael para ele e pedi que tentasse descobrir uma nova forma de chegar lá, pois ninguém sabia e não estava no mapa.
Ele conseguiu, e eu tivesse que ir para outro ponto pegar outro Bus, e assim ele me encontraria no Shopping de Blanchestow. Acabei pegando o mesmo ônibus que a Dayse, que estava indo para a Igreja. Após alguns minutos, ao olhar no relógio, percebi que aquela era a hora de estar na casa do Michael, e que a partir daquele momento eu estaria contando as horas de atraso. Eu realmente estava muito nervosa, afinal era o primeiro Babysitter e eu nem conhecia o tal Michael. E exatamente aquele dia, tudo de ruim acontecia, em seqüências.
Ao chegar no shopping combinado, liguei para Michael para avisar que estava ali, e o homem desatou a falar rápido, usando palavras que não conheço ou não entendia, e então e disse que pediria que meu amigo ligasse novamente e que ele explicasse tudo, pois eu não conseguia entender nada e ainda estava acabando todos os meus créditos de celular (a última parte eu não falei é claro..rs).
Helder novamente me ajudou, combinamos no ponto do Mc Donalds, e dessa vez ele se atrasou um pouco, mas tudo bem.

Cheguei a casa deles, linda por sinal, num condomínio fechado... Nunca chegaria de ônibus ali! E conheci a Moira (6 anos) e o Rhiz (9 anos). Eles jantaram, no meio da bagunça, pois estavam na casa nova e tudo ainda estava jogado. Michael foi para um jantar com a amiga e eu fui assisti ao filme-desenho “O bicho vai pegar”, mas em inglês.
As crianças eram lindas e muito educadas, adorei. Depois do jantar eles queriam comer pipoca assistindo o filme, e eu fui me aventurar a fazer pipoca de microondas, pela primeira vez. Isso não podia dar coisa boa mesmo, microondas diferente, que tinha 5 temperaturas de 180 a mil graus. O Rhiz me ajudou, mas não deu certo, fiz um teste com todos os botões, e quando a pipoca começou a estourar, começou a subir um cheiro de fumaça. Tirei a pipoca e o Rhiz disse, com uma gargalhada de seqüência: Pipoca de chocolate!!!
Exato, eu queimei a pipoca, e no centro ela estava carbonizada, e a cozinha era só cheiro de queimado. Joguei fora a queimada e tentamos novamente, agora fomos direto para a temperatura máxima. Quando as pipocas começaram a estourar o Rhiz achou que já estava bom e aperto o botão para desligar. Tiramos a pipoca, mas novamente deu errado..rs
Apenas um terço do saco havia estourado... Demos umas boas risadas e dei um jeito de tentar estourar o resto. Vasculhamos a casa atrás de uma fita e tesoura para voltar os milhos crus para o saco e lacrar para estourar novamente. Conseguimos mais pipocas, mas não estourar todo o milho, mas eles ficaram satisfeitos e voltaram a assisti o filme.

Eles deram muitas risadas com o filme, eu, porém ri porque lembrava da versão em português, pois não entendi muita coisa, novamente!

Hora de dormir, eles arrancaram as roupas e pularam nas camas, eu entrei em desespero, pois estava muito frio, e não tinha cobertas ou pijamas nos guarda-roupas. E eles dizem que estão acostumados a dormir assim! Que o aquecedor estava ligado.
Eles dormiram bem, eu fiquei com frio na sala, assistindo outros filmes. O pai chegou, e me pagou, menos do que eu esperava, mas tudo bem...e cheguei atrasada, recebeu um desconto por isso, e a amiga me trouxe em casa.

Aqui também tem assaltos

Ainda não acredito que a primeira vez que fui assaltada foi perto de casa na Irlanda. Depois dizem que o Brasil é que é perigoso.

Tudo bem, não chegou a ser um assalto de verdade, mas sim uma sacanagem de maus elementos.

A noite tinha tudo para ser boa, eu havia sido chamada para fazer um Babysitter num bairro um pouco distante. Depois de achar no mapa e saber qual o ônibus pegar, sai de casa com algumas horas de antecedência, um pouco apressada para conseguir pegar o ônibus em frente do Claren Hall, o Shopping Mercado Tesco daqui. No Brasil eu não costumava andar com minhas bolsas ou mochilas nas costas, pois quase fui assaltada algumas vezes em lugares com super lotação, mas aqui, aparentemente, pensei que seria diferente. Mochila para trás e pouca gente na rua.

Foi quando duas meninas vieram sorrateiras atrás de mim, puxaram minha garrafa de água que estava em um dos bolsos da mochila, e saíram correndo e rindo. Pensei em voltar para pegar, mas como podia perder o ônibus, que tem hora para passar, desisti. Fiquei muito brava, e elas começaram a rir e fazer gesto para mim. Tentei ofende-las também, mas não sabia nada em inglês que as atingissem. Cheguei no meu ponto e elas ficaram de longe zombando da minha cara.

Não foi o fato de levarem uma água, mas sim a humilhação de fazerem isso para jogar fora somente para tirar onda com as pessoas.

Essas meninas eram Snaquers, não sei se a escrita está correta, mas são jovens da Irlanda com uma classe de vida menos favorecida que a maioria da população, e por isso recebem bolsas do governo para pagar contas e sobreviverem. São em sua maioria marginais, que brigam nas ruas, batem em estrangeiros, humilham as pessoas, roubam, e aprontam muitas pelas cidade. Todos têm medo deles e sempre atravessam a rua quando avistam um grupo. Eles são fáceis de identificação, pois usam roupas parecidas: Conjuntos de moletom cinza com tênis e meias brancas por cima da calça. Cortes de cabelo New rave. As meninas sempre escandalosas, com roupas curtas, muita maquiagem, muitas vezes também com o uniforme típico da turma.

Muitos brasileiros já foram atacados por eles, pois somos muito famosos aqui e essa fama possui adjetivos: Trabalham melhor que os outros; mulheres bonitas, simpáticos, alegres, engraçados e não levam desaforo em discussões partindo para brigas quando provocados.

Enfim, peguei o ônibus quando elas estavam aproximando-se, mas não resisti e mostrei uma banana para elas.

Perdas...


Eu estou curtindo muito essa nova vida, todo o dia aprendo uma coisa nova, quando não algumas coisas novas, mas ficar longe de toda a família, e tão longe assim, nos faz ter algumas perder momentos muitos importantes, e sentir que algo está incompleto e que algumas realidades parecem sonhos.

Quando decidi fazer essa viagem, eu sabia que perderia muitas coisas, como por exemplo, as primeiras coisas que meu lindo sobrinho faria pela primeira vez. Eu pude vê-lo dar seu primeiro passo, mas agora perco suas novas brincadeiras, travessuras, suas primeiras palavras, e grandes momentos de sua vida.

Minhas primas escrevem contando de suas festas e de quanto faço falta na turma.

As viagens e festas em família, eu sempre sou avisada daquele grande churrasco que perdi novamente.

Mas tudo isso a gente acaba superando, afinal, não podemos ter tudo ao mesmo tempo, e em contrapartida eu posso lhes contar o milhão de coisas novas que estou vivendo no mundo.

A parte triste são as perdas humanas. O Brasil perdeu a comediante centenária, Dercy Gonçalves, a turma da Jovem Guarda a Dama Silvinha Araújo, A política a ex primeira dama Ruth Cardoso, O teatro e a tv O Eterno visconde de Sabugosa, André Valli e Fernando Torres, A Bahia e a MPB perdeu Dorival Caymmi. E eu perdi o primo Vicente, vitima de um câncer na cabeça, meu pai perdeu um primo mais velho chamado Valdemiro, parada cardíaca, meu primo Sandro perdeu o primo Baiano, que cometeu suicídio com um tiro na cabeça, por estar sofrendo muito com um câncer na boca que o desfigurou, minha vizinha Terezinha perdeu o sobrinho, que também morava no Jardim das Rosas, vitima de assassinato por ter se envolvido com o mundo cão, perdeu a vida com 16 ou 17 anos, meu tio perdeu o colega de trabalho, que também é nosso conterrâneo de Senador Firmino, vitima de uma explosão da maquina onde ele trabalhava na empresa Metal Leve, queimou 80% do corpo.
E essas foram às notícias de perdas, via e-mail, telefone e skype. Aqueles que eram mais próximos ainda parece mentira que morreram, afinal eu não pude me despedir para que tivessem a partida eterna.

Dia 16 faz apenas 3 meses que estou aqui, e já aconteceram tantas coisas...!

Mas Deus sempre sabe o que faz, então me resta apenas pedir que ele abençoe aqueles que deixei e os protejam dos males humanos e conserve a saúde para uma vida plena e feliz!!