Eu já fiz viagens em dupla, em trio, em grupo de amigos; Também já
viajei sozinha e após chegar no hostel criei uma dupla, um trio ou um novo
grupo de amigos mochileiros.
Mas também já viajei sozinha e permaneci sozinha.
Nunca saímos de casa sabendo o que irá acontecer em uma viagem, e
essa é a graça e o emocionante das viagens; O imprevisível.
As vezes a solidão pode ser nossa amiga e nos ajudar a refletir
sobre o que realmente somos e o que realmente queremos. E isso é muito bom
quando estamos meio perdidos.
Normalmente eu consigo me reencontrar quando estou sozinha dentro
de um túnel escuro e no alto de uma montanha, pois o contato comigo mesma é
mais eficaz e posso realmente ouvir meus pensamentos sem interferências. O
problema é que sempre me perco quando fico muito tempo longe de lugares assim; mas como disse um amigo certa vez:
- A graça da vida está em se perder e tentar
se achar novamente!
Acho que a solidão só é ruim na verdade, quando não estamos em paz
com nossos desejos, porque ai ela incomoda e os nossos fantasmas nos aterrorizam. Para quem não tem medo de fantasmas deve ser tranquilo, o quê não é o meu caso.
Na viagem que fiz pelo Salar de Uyuni na Bolivia, senti esse
momento de triste solidão, mas consigo refletir sobre ele e entender onde
estava a tristeza.
Conhecer lugares lindos como o salar de Uyuni, um vulcão
adormecido e as casas feitas de sal foram alegrias não compartilhadas, e isso me deixava triste. Eu
estava entre um casal de chilenos e outro coreano. Cada casal estava fechado em
sua cultura e idioma e não permitiram a entrada de uma estrangeira, não sei se medo, timidez ou apenas para manter sua privacidade.
O silêncio não era bem vindo nesta hora.
Quando chegava a noite, os lugares para jantar estavam sempre com
grupos de amigos mochileiros, famílias
ou casais. O clima era de amor de um lado e euforia de amizade com bebida em
outro.
Eu apenas observei os dois grupos. E comecei a sentir a falta dos
meus amigos, da minha família e de um amor, não para viver o meu momento, mas
para viver um momento como o deles, que parecia muito mais divertido que o meu.
Viajar sozinho serve para fazer novos amigos, mas precisamos também
estar aberto para a entrada desses novos amigos. Sorriso sempre abre portas e
janelas para que eles entrem.
E eu não estava com minhas janelas abertas naquela viagem!