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domingo, 19 de outubro de 2008

Crônica de uma morte anunciada















Quando eu vejo uma pomba estatelada no meio da rua eu sempre me pergunto: - Como alguém consegue atropelar uma pomba?
Afinal de contas, elas possuem asas, podem voar rápido, são animais leves, eu acreditava que eram mais espertas também.
Eu fico triste quando vejo qualquer animal atropelado, quando morto então, meu coração chega dispara, suspiro fundo e mudo a direção dos olhos.

Outro dia ao cruzar a Parnell Street, uma das ruas mais movimentadas do centro de Dublin, eu avistei algumas pombas, 3 na calçada e uma no meio da rua entre a linhas que dividem a rua para o trajeto dos carros que seguem em mãos diferentes.
Num súbito de pensamento eu parei, e pensei:
Essa pomba vai morrer, e hoje eu vou descobrir como isso acontece.

Eu sei que foi um pensamento mórbido e até nojento para algumas pessoas, porém foi a forma de matar a curiosidade sobre tal acontecimento que sempre me choca.

A frase do pensamento foi: A fome e a gula realmente matam.

A fome eu já tinha certeza por ver milhões de pessoas morrendo no mundo por escassez de comida, mas a gula era só mito, pois afinal, nunca vi ninguém morrer por ter gula.

A pomba estava desesperada para comer os farelos de pão que estavam no meio da rua, e centenas de carros passava por ali muito rápido, ela olhava para todos os lados e mostrava certo medo pelo perigo que estava correndo (Essa preocupação era visível no comportamento dela, nos gesto e na forma como ela comia apressada e olhava para todos os lados).

Entretanto, a gula era tão grande que ela não queria abandonar o pão, mesmo percebendo o perigo do local. Enquanto isso, do meu lado da calçada, as outras pombas mostravam a mesma vontade de compartilhar aquele pão tão farto no meio da rua, os olhos das pequenas faiscavam e elas ficavam andando de um lado para o outro, mas essas pareciam cautelosas e não arriscaram voar até o meio da rua, porque enxergavam o perigo dos carros.

E eu, uma simples pedestre, parada na esquina para ver como ocorreria àquela morte que já estava anunciada para todos. Ora eu me atentava para as 3 pombas ao meu lado, ora pra ver os passos da pomba lesa no meio da rua.
Então ela decidiu sair da rua, andando... rs.
Não acreditei, ela não tinhas as asas machucadas e não parecia ter nenhum problema para voar, talvez tenha esquecido que podia voar. Não me recordo, mas acho que cheguei a soltar um grito pedindo que voasse, pois nenhum carro ia parar para que a doce dama atravessasse a rua.
Ela não me ouviu, ou então o êxtase do momento tenha paralisado seus pensamentos. (Falando nisso, pomba pensa???)

Eu vi quando um carro passou por cima da pomba e fez “Crack”.
E eu fiz “Ai”

Ela tentou levantar a cabeça, as asas ainda balançavam... Tarde demais, veio outro carro e fez a pasta de pomba.

Era engraçado ver o comportamento das pombas ao meu lado, pois elas pareciam ter sentimentos e sofrer pela morte da companheira gulosa e também ficarem felizes por não terem arriscado a vida por um pedaço de pão.

Enfim, agora eu sei qual a razão das dezenas de pombas que vejo esmagadas nas ruas de Dublin.

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